O artigo analisa as experiências de três professores brasileiros que ensinam teorias pós e decoloniais em cursos de Relações Internacionais (RI). Partindo de formações marcadas pelo cânone ocidental, os autores narram uma ruptura epistemológica inspirada por leituras como Pode o Subalterno Falar?, de Spivak, e pela pedagogia crítica de Paulo Freire. As práticas descritas, como o uso de intervenções artísticas, leituras decoloniais sobre política ambiental e análises críticas de textos clássicos, revelam esforços para transformar o ensino em espaço de diálogo e resistência às estruturas coloniais do saber. A partir das experiências na PUC Minas e na UFG, o texto propõe que descolonizar as RI exige um duplo movimento: interno, ao questionar as hierarquias epistêmicas do campo, e externo, ao romper com o modelo bancário de ensino. A metáfora da “terceira margem do rio”, inspirada em Guimarães Rosa, sintetiza o lugar desses educadores, entre o cânone e a dissidência, na construção de uma práxis pedagógica que reconhece o Sul Global como produtor legítimo de conhecimento crítico.