Ciência cidadã no Brasil: uma análise comparativa da presença de dados brasileiros em plataformas digitais para documentação biológica
- Publicada
- Servidor
- Zenodo
- DOI
- 10.5281/zenodo.17496994
[154] A ciência cidadã avança como pilar da Ciência Aberta, fomentando o interesse em plataformas digitais que permitem a coleta massiva e descentralizada de dados relacionados à biodiversidade. Embora o Brasil possua raízes históricas no engajamento público na ciência, a visibilidade de projetos contemporâneos tem crescido, especialmente em relação ao registro de aves. Esta pesquisa objetivou analisar comparativamente as principais plataformas de ciência cidadã voltadas ao registro da biodiversidade, focando no contexto brasileiro. Adotou-se uma abordagem qualitativa por meio de análise documental e técnica das funcionalidades de sete plataformas globais e nacionais, incluindo iNaturalist, eBird, Pl@ntNet e WikiAves. Os critérios de análise envolveram número de usuários, observações, cobertura taxonômica e integração com infraestruturas abertas como o GBIF. Globalmente, o iNaturalist se consolida como uma das maiores plataformas multigrupo, com aproximadamente 300 milhões de observações. O eBird (aves) e o Pl@ntNet (plantas) destacam-se pela especialização e alto volume de dados, com 103 milhões de registros e 1 bilhão de identificações, respectivamente. No contexto brasileiro, a presença de dados é denotativa de um contraste entre o potencial da megadiversidade nacional e o volume efetivo de registros. O iNaturalist apresenta o volume mais expressivo no Brasil, com 3.904.697 observações e 51.474 espécies registradas. O eBird também demonstra uma presença estruturada, com 1,08 milhão de observações. Por outro lado, o WikiAves se destaca como uma plataforma exclusivamente nacional consolidada, com mais de 5,9 milhões de registros de aves e alta adesão comunitária. Concluiu-se que a presença brasileira, embora crescente, ainda não corresponde à sua megadiversidade, e a distribuição dos registros é assimétrica. Fatores socioterritoriais, como a concentração populacional e a conectividade digital, levam à sub-representação de biomas hiperdiversos como Amazônia, Cerrado e Caatinga. É crucial o fortalecimento das infraestruturas digitais e a integração de bases de dados para que o Brasil reflita sua posição geográfica no mapeamento global da biodiversidade.