Panorama dos Repositórios Institucionais das Universidades Federais
- Publicada
- Servidor
- Zenodo
- DOI
- 10.5281/zenodo.17469598
[323] RESUMO Os repositórios digitais são ferramentas importantes para a organização, preservação e disseminação das produções científicas das universidades federais brasileiras. Nesse contexto e em escala internacional, essas plataformas são especialmente relevantes para o fortalecimento da ciência aberta, ao garantirem o acesso livre ao conhecimento produzido nas universidades (WEITZEL, 2006). No entanto, há desafios quanto à distribuição, estrutura e usabilidade. Este estudo tem como objetivo apresentar um panorama dos repositórios das universidades federais brasileiras, mapear sua distribuição regional e quantificar a produção científica. Para tanto, foi adotado o método de pesquisa de natureza descritiva e quantitativa. Os dados foram obtidos a partir da planilha disponibilizada por Silva, et al. (2024), disponível no Depósito de Dados do IBICT, e na lista de universidades federais obtidas no sistema e-MEC, por meio do filtro de modalidade presencial, categoria administrativa pública federal e organização acadêmica universitária. A partir do levantamento de 69 universidades federais brasileiras, foram identificados 65 repositórios institucionais ativos e acessíveis. Quanto à produção científica, foram contabilizados teses, dissertações, artigos e capítulos de livros. No caso dos capítulos, apenas os repositórios que apresentaram coleções separadas foram incluídas (32 no total). Nos casos em que as coleções de teses e dissertações foram agrupadas em uma única coleção, sem distinção entre os tipos, os registros foram considerados apenas no total geral e na análise por região. Para a análise por tipo de documento, utilizamos apenas os repositórios que apresentavam coleções separadas de teses e dissertações. Como resultados, obtidos são que, entre as universidades federais comprovadas, as regiões Sudeste e Nordeste concentram, em números, o maior quantitativo de repositórios institucionais (27,7% cada). Em seguida, aparecem Sul (16,9%), Norte (15,4%) e Centro-Oeste (12,3%). Além disso, uma análise da proporção de universidades com repositórios ativos em cada região mostra que quase todas as instituições estão contempladas, com cobertura variando de 90% a 100%. Apenas quatro universidades federais não possuem repositórios ativos: Universidade Federal do Acre (UFAC), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal do Cariri (UFCA) e Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Quanto ao sistema utilizado, 63 dos 65 repositórios mapeados utilizam a plataforma DSpace, essa adoção pode estar relacionada aos editais governamentais que fornecem kits tecnológicos com softwares livres, incluindo o DSpace, permitindo a implantação de sistemas sem custos de licenciamento. No que se refere às produções acadêmicas submetidas aos repositórios institucionais investigados, foi contabilizado um total de aproximadamente 869.642 registros. Desse montante, 384.868 são necessários para dissertações, 221.087 para artigos, 147.836 para teses e 8.622 para capítulos de livros,considerando apenas os repositórios que apresentam essa coleção separada. Quanto à distribuição por região, a produção científica concentra-se principalmente no Sudeste (301.254 registros; 34,6%), seguida pelo Sul (250.994; 28,9%), Nordeste (215.650; 24,8%), Centro-Oeste (79.983; 9,2%) e Norte (21.761; 2,5%). As informações foram obtidas dos repositórios institucionais, sem uso de bases externas. Identificou-se que alguns repositórios continham problemas de navegação e acesso, como links temporariamente indisponíveis. Exemplos incluem as universidades federais do Amapá (UNIFAP) e do Oeste do Pará (UFOPA). Como considerações, destaca-se que a pesquisa demonstrou que, apesar das diferenças regionais e da ausência de repositórios em algumas universidades, o panorama nacional registra avanços significativos, como a ampla adoção da plataforma DSpace por 63 das 65 universidades com repositório e o volume expressivo de produções depositadas. Essa análise sugere que a consolidação dos repositórios digitais adicionais para promover o acesso à informação científica e tecnológica e fortalecer práticas de ciência aberta. Como perspectiva, pesquisas futuras podem investigar a qualidade e a riqueza dos metadados dos documentos depositados por região, a fim de propor estratégias para melhorar a visibilidade e a interoperabilidade dos dados. Trabalho derivado do projeto "A publicização do conhecimento por meio do mapeamento dos repositórios digitais brasileiros – Etapa 2", desenvolvido como bolsista de iniciação científica com apoio do CNPq.