Inclusão enquanto conceito sistematicamente contestado: implicações para o caso da inclusão escolar de pessoas neurodivergentes no Brasil
- Publicada
- Servidor
- SciELO Preprints
- DOI
- 10.1590/scielopreprints.14482
De início, o estudo lembra que trabalhos conceituais sobre inclusão escolar são uma oportunidade de se rever estratégias anticapacitistas e classificatórias que possam existir no ambiente acadêmico. O presente trabalho traz a análise conceitual em duas etapas. A primeira consistiu na aplicação de algumas técnicas de análise conceitual e a segunda surgiu da constatação de que não havia um, e sim vários, usos paradigmáticos do conceito de inclusão, levando-nos à tese de que se trata de um conceito sistematicamente contestado, e não apenas plural ou confuso. A análise parte da observação de usos cotidianos do termo no contexto escolar, especialmente no discurso de professores, e os compara com usos presentes em textos teóricos e normativos de referência. Mostra-se que o caráter sistematicamente contestado do termo se manifesta em legislações que normatizam sua aplicação, nas falas dos profissionais que trabalham com inclusão, nos discursos de pais que lutam pela inclusão de seus filhos neurodivergentes, na política e em diversos campos de embate e conflito. Ao final, argumenta-se que o fato de o conceito de inclusão ser sistematicamente contestado pode refletir não só sua complexidade, mas principalmente a persistência de situações concretas de exclusão.