Análise de discurso digital e a língua de bruma
- Publicada
- Servidor
- SciELO Preprints
- DOI
- 10.1590/scielopreprints.14049
Neste artigo, abordarmos, à luz da Análise de Discurso materialista (Gadet e Pêcheux [1981], 2010), como as noções de língua e sujeito são afetadas pelas condições de produção conformadas pelo discurso digital. Analisamos, a partir de teorias que se avizinham e, por vezes, se sobrepõem, como a formação social capitalista neoliberal produz seus efeitos na consolidação de saberes relacionados à produtividade e à efemeridade, possibilitados pela assunção das redes sociais e pelas relações entre sujeito e produção de linguagem na máquina/ pela máquina (Paveau, 2023). Além disso, investigamos como os efeitos produzidos nessas condições provocam, no espaço das redes sociais, formas de linguagem outras, que rompem com o imaginário de uma língua homogênea, autoritária e de controle. Considerando um corpus reunido de um arquivo ainda em construção, cuja leitura se dá ao mesmo tempo em que se assiste às constantes mudanças em um mundo atravessado pelos efeitos do digital, analisamos alguns conteúdos que dizem respeito às trends de cortes de palavras que “viralizam” na rede social TikTok e às diretrizes de conteúdo para circulação da linguagem em redes sociais como a plataforma de vídeos YouTube. Como possíveis conclusões, arriscamo-nos a pensar nas possibilidades do dizer que inscrevem, frente a outras formas de língua, uma língua de bruma, que obscurece o dizer ao mesmo tempo que faz o sujeito inscrever-se na linguagem, de qualquer modo.