Trinta anos de ciência cidadã no Rio Grande do Sul/ Brasil: uma análise do padrão de biodiversidade no Estado a partir dos dados sobre do iNaturalist (1994–2024)
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- Zenodo
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- 10.5281/zenodo.17496817
[124] O presente estudo realiza uma análise da documentação da biodiversidade no Rio Grande do Sul (RS), Brasil, utilizando dados da plataforma de ciência cidadã iNaturalist no período de 1994 a 2024. Ancorada nos princípios da ciência aberta e da ecologia histórica, a pesquisa quantitativa investigou padrões históricos, identificando a evolução da participação cidadã e eventuais lacunas de informação, buscando avaliar o potencial do iNaturalist para conservação e educação ambiental. Foram extraídos um total de 193.055 registros georreferenciados. A análise temporal revela três momentos, destacando uma fase de explosão participativa (2016–2024) com 187.281 observações, representando um aumento de 3.364% em relação ao período anterior (2006–2015). Esse crescimento recente consolida a ciência cidadã como uma prática desenvolvida no estado. Taxonomicamente, a distribuição é marcadamente piramidal, refletindo um regime de visibilidade. O Reino Animalia domina com 75,7% (145.799 registros), seguido por Plantae (19,5%) e Fungi (4,7%). Os animais são favorecidos por serem móveis, carismáticos e adaptáveis à lógica das plataformas visuais. As dez espécies mais registradas são majoritariamente aves — sete das dez —, como o Vanellus chilensis (quero-quero), um organismo altamente visível e comum em ambientes antrópicos. A concentração em organismos visíveis expõe lacunas no conhecimento sobre grupos menos perceptíveis. Há uma sub-representação de fungos, organismos marinhos e a quase ausência de Protozoa e Bacteria, que não se encaixam na lógica fotográfica generalista. Conclui-se que o fortalecimento da ciência cidadã no RS requer estratégias de educação ambiental para estimular o registro de uma diversidade mais ampla, aprimorando a compreensão da biodiversidade gaúcha.