Este artigo faz parte de uma pesquisa mais ampla que busca discutir a produção de discursos circulantes na área da Educação, utilizando-se de estudos já publicadas em torno do brincar das crianças com as tecnologias digitais. Neste texto, apesentamos um dos dispositivos que agenciam saberes e práticas educativas da infância, fazendo funcionar uma rede discursiva que conecta saberes, poderes e subjetividades infantis. Trata-se do dispositivo da redenção que aciona diferentes modos de pensar a relação do brincar das crianças com as tecnologias digitais. Assim, Salvemos as crianças! As tecnologias digitais redimidas pelo “bom brincante”, operadas por linhas de força que atravessam o visível e o enunciável, é o forte enunciado pelo qual toma forma e opera efetivamente o dispositivo da redenção. A operação das linhas de força do dispositivo atribui à escola, com suas técnicas disciplinares, um elevado estatuto de saber-fazer acerca do brincar das crianças com as tecnologias digitais, reforçando seu poder de ação. As escolas são convocadas a agenciar saberes e práticas educativas da infância, ondem fazem funcionar mecanismos para o desenvolvimento de habilidades para tornar as crianças gestoras dos potenciais riscos do brincar com as tecnologias digitais. A redenção está ligada ao que a escola pode realizar em relação à criança para alcançar a redenção, assumindo uma perspectiva de promessa e idealização em busca de uma salvação futura.