A literatura sobre o Movimento Homossexual Brasileiro (MHB) opera na ideia do mito fundador. Não reconhece a imprensa gay artesanal, as ações efêmeras ou as impedidas pela ditadura como integrantes. Negligencia, assim, o processo histórico e o desafio de superação da identidade deteriorada (COLAÇO-RODRIGUES, 2022). Este artigo examina periódicos gays nacionais e internacionais, o debate sobre a imprensa artesanal no jornal Lampião e a literatura de referência sobre o tema. Entendendo que a categoria movimento social abarca o conjunto de suas fases, inclusive a embrionária (GOHN, 2008, p. 259), este texto demonstra que tais periódicos não “se limitavam à bem-humorada paródia […]” (MACRAE, 2018, p. 165). Eles participaram efetivamente na construção da consciência política dos homossexuais, integrando, portanto, o MHB.